sábado, 12 de fevereiro de 2011

Parte da minha história



No Final do ano passado foi lançado um livro comemorativo dos 25 anos do projeto Criança Esperança que conta a história do projeto junto com as histórias de vidas de algumas pessoas que participaram, inclusive eu. Abaixo está o fragmento do texto:



"Diego Pinheiro Lima, de 22 anos, nasceu em um dos endereços mais concorridos do Rio, de frente para o mar,
na avenida Vieira Souto, em Ipanema – um dos metros quadrados mais caros da América Latina. O paraibano José
Vieira, pai de Diego, é o porteiro-chefe do prédio. Mora com a família, mulher e três filhos, em um quarto e sala
no térreo do edifício. À noite, a sala vira o quarto do casal.
Filho do paradoxo brasileiro, Diego cresceu em endereço de menino rico, sobrevivendo com o magro salário
de porteiro do pai. “Minha mãe sempre foi consciente e nos ensinou a tirar proveito de morar bem: conseguimos
bolsas em cursos de inglês, computação, e estudamos nas melhores escolas públicas”. O prédio é vizinho da Casa
de Cultura Laura Alvim, um pólo de cinema e teatro, e Diego desde cedo se interessou por dramaturgia. Quando
tinha 16 anos, a mãe soube do curso de teatro oferecido no Espaço Criança Esperança, no morro do Cantagalo.
Um dos acessos para o morro fica a poucos metros do prédio de Diego.
Dos 16 aos 20 anos, Diego frequentou o Espaço Criança Esperança do Rio, onde fez teatro e foi monitor. Numa
das muitas visitas que o projeto recebeu, veio o ator Ernesto Piccolo, da organização Palco Social. Interessou-se
pelas habilidades de Diego e nasceu uma parceria. Em 2010, Diego integrou o elenco da peça Sorria, você está
sendo roubado, em cartaz durante cinco meses em teatros da zona sul do Rio. Diego, que está terminando a faculdade de Sociologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, sorri ao falar deste ano. Nele, também lançou
o livro O julgamento de Lampião, um roteiro para teatro. “Esse texto nasceu de um trabalho que fizemos no Espaço
Criança Esperança”, diz.
“Lá [no Espaço Criança Esperança do Rio] fazemos parte de uma equipe e criamos vínculos de solidariedade,
um sentido de coletividade”, resume Diego. O irmão menor, Igor, de 13 anos, quase todos os dias, sai da Vieira
Souto, pega o elevador que separa o asfalto do morro – clássica dicotomia carioca – e sobe o Espaço Criança
Esperança para fazer natação e aulas de informática."


OBS: o livro está disponível na internet: http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001897/189760por.pdf